Covid-19:
Entre a crise a fome
A pandemia que escancara a desigualdade
O vírus no país da informalidade
Com mais de 38 milhões de pessoas na informalidade, brasileiros se veem num beco sem saída para enfrentar a fome.
Entre morrer de fome ou morrer do novo coronavírus, milhares de pessoas tem vivido dilemas para sobreviver em meio a pandemia.
No país da informalidade, onde, segundo o IBGE mais de 38 milhões de pessoas são trabalhadores autônomos, o home office não é opção. São eles que, no beco sem saída estão se expondo mais ao vírus.
As trabalhadoras domésticas sabem bem como é viver nesse dilema, e o primeiro caso de morte pelo coronavírus no Rio de Janeiro deixa isso evidente.
Além dos trabalhadores informais das metrópoles, a pandemia impacta os da periferia. Segundo uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva e Data Favela, 86% dos moradores da periferia já sentiram os impactos do coronavírus em seus trabalhos. Na pesquisa, 47% relataram trabalhar na informalidade.
86% da periferia brasileira tem sentido dificuldades na compra de alimentos e outros itens básicos.
Na corda bamba precisam manter a sanidade para dar conta do lar. A diarista Ana Maria da Silva tem vivido essa realidade. “Com essa epidemia eu não estou trabalhando. Estão me dispensando por medo. Eu ganho por dia e assim fica difícil, ainda mais com 6 filhos, aí tudo fica mais complicado”, desabafa Maria.
Numa visão geral, 97% da periferia brasileira, equivalente a mais de 13 milhões de pessoas, foram impactadas pelo coronavírus.
O dilema continua...
Apesar de 71% apoiarem o distanciamento, 8 em cada 10 moradores da periferia precisam sair de casa para ir em busca de alimentos ou outros itens básicos. A pesquisa também mostra que 60% estão com a renda perto do fim.
Mais da metade estão sem estoques de alimentos. Sem escapatória e à margem da proteção do Estado, as iniciativas solidárias são as únicas alternativas que amenizam os impactos da pandemia.
DO CAMPO
São os alimentos orgânicos do campo, direto do produtor rural e da agricultura familiar que a Central compra e coleta para compor as cestas básicas.
À MONTAGEM
A partir das doações, os alimentos e produtos de higiene são comprados e com ajuda de voluntários as cestas são montadas.